A ideia de que o espaço seja corresponsável pela qualidade das experiências que crianças e adultos desenvolvem em ambientes educacionais ainda não é suficientemente propagada na teoria e na prática da pedagogia para a primeira infância.
Se, por um lado, a relação entre espaço e experiência educativa tem raízes profundas nas reflexões mais realizadas pela pedagogia ao longo do tempo - marcando algumas passagens fundamentais do século passado -, por outro lado, a prática difundida demonstra o quanto o conhecimento da importância desta relação ainda necessita ser construída.
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O distanciamento atual entre crianças e a natureza emerge como uma importante crise do nosso tempo. Especialmente no contexto urbano, independente do tamanho da cidade, o mundo natural tem deixado de ser visto como elemento essencial da infância. As consequências são significativas: obesidade, hiperatividade, déficit de atenção, desequilíbrio emocional, baixa motricidade - falta de equilíbrio, agilidade e habilidade física - e miopia são alguns dos problemas de saúde mais evidentes causados por esse contexto.
Nos últimos anos muitas pesquisas sugerem aos educadores e pais o que os especialistas atestam há décadas: o convívio com a natureza na infância, especialmente por meio do brincar livre, ajuda a fomentar a criatividade, a iniciativa, a autoconfiança, a capacidade de escolha, de tomar decisões e de resolver problemas, o que por sua vez contribui para o desenvolvimento integral da criança. Isso sem falar nos benefícios mais ligados aos campos da ética e da sensibilidade, como encantamento, humildade e senso de pertencimento.
É necessário refletir sobre o modo de vida e de desenvolvimento que estamos adotando nas cidades, tendo em vista que a urbanização é um processo crescente no país e no mundo. Não podemos deixar de considerar que os efeitos da urbanização, entre eles o distanciamento da natureza, a redução das áreas naturais e a falta de segurança e qualidade dos espaços públicos ao ar livre nos levam - adultos e crianças - a passar a maior parte do tempo em ambientes fechados e isolados, criando um cenário que cobra um preço muito alto para o desenvolvimento saudável das crianças.
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Então faz sentido perguntar: O que pode acontecer quando o espaço escolar quebra o cimento e ganha terra, areia e árvores!?
Para a maioria das crianças vivendo em grandes centros urbanos, há poucas áreas verdes disponíveis e a segurança é uma barreira real para explorações, vivências e brincadeiras em ambientes públicos ao ar livre. Essas crianças e suas famílias vivem em bairros onde quase tudo ao redor está pavimentado e ocupado por construções ou tráfego. Nessas comunidades, nós precisamos fazer mais do que conservar a fração de natureza que restou. Nós temos que criar mais. Os espaços escolares são um bom lugar para começar.
Bora lá!?
Bibliografias: Desemparedamento da infância - A escola como lugar de encontro com a natureza. Maria Isabel Amando de Barros
A abordagem de San Miniato para crianças pequenas, Aldo Fortunati